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A MINHA "ESPINHOSA" RELAÇÃO COM O FACEBOOK

por João Castro e Brito, em 16.06.16

cavaco e o facebook.jpg

Ando há uma porrada de tempo com vontade de escrevinhar umas letrinhas acerca da minha difícil relação com o Facebook, pá, mas é-me bestialmente "árduo" estabelecer um ponto de partida, sabes? Não quero dizer que esteja de partida porque isto tem um efeito semelhante ao de uma droga pesada, estás a ver? A coisa, ao princípio, estranha-se, mas depois entranha-se. Por isso é difícil, senão impossível, desligar.
Sei de algumas pessoas que conseguem ter conta aberta só porque sim; abrem e pronto, fica aberta. Só que eu não consigo, pá, q'é que queres? Tenho de escrever sempre qualquer coisa, prontos! Mesmo que seja só pra mim; pra meu gozo, topas?
Também sei de outras que até há uns tempos eram muito relutantes em relação a isto e agora são de tal modo agarradinhas que até dá dó, coitadinhas! É desde que acordam até adormecerem! Não que eu sirva de exemplo em termos de independência desta coisa, antes pelo contrário! Porém, não sou dos primeiros a abrir o expediente nem dos últimos a fechá-lo; lagarto lagarto (sem desprimor pó sportein)!
Na minha modesta opinião, e tu sabes que as opiniões modestas valem quase nada, o "Face" já foi uma ligação feita de amizades da treta, tipo colecção de "amigos". Pedia-se amizade por dá cá aquela palha, só porque isto era uma novidade, interagia-se muito e era giro a malta dizer olá logo pela manhãzinha e desejar uma noite feliz quando ia para a caminha. Até se ilustrava a coisa com o Vitinho e outros cândidos bonequinhos. Lembras-te? Era lindo, n'era?
Quando me "viciei" nisto, já lá vão uns sete anos, mais coisa menos coisa, era tudo muito social porreiraço e até era bestial a gente fazer colecção de "amigos". Coleccionar centenas, senão milhares, era sinal de um certo estatuto. A gente dava uma mirada no perfil de fulano ou beltrana e ficava abismado com a quantidade de "amigos", pá! Mil ainda era considerado um número foleiro, um número de alguém que não tinha onde cair morto, mas a partir dos dois mil, cuidadinho com a pessoa que era gente de classe!
Contudo, pá, a amizade é outra história! É aquela que existe entre nós; a que define os princípios basilares de uma relação. Seja antiga ou recente. No entanto é estreita e, como tal, difícil de suprimir. Pode-se apagar aqui, nesta rede social, mas permanece perene na memória porque encerra bons registos de vivências antigas e actuais em comum; não tem nada a ver com isto e connosco.
Parafraseando alguém cujo nome agora não me ocorre, fazer um amigo é a coisa mais preciosa do mundo. Depois, é saber conservá-lo, mas de acordo com um contrato sem cláusulas de rescisão. Portanto, muito respeitinho pela palavra e pelo conceito...e pelo contrato!
Bom, mas, ainda em relação ao "Face", acho que ganhou uma dimensão social tão grande que, hoje em dia, quem ainda não está aqui, só pode ser totó. É moderno participar nisto e quem ainda tem alguma resistência em aderir acaba por baixar as defesas mais tarde ou mais cedo; tanto mais não seja pela necessidade de saber coisas da vida de sujeito ou sujeita. Às vezes é pela necessidade de saber se vai tudo bem aí por casa – quando escreves qualquer coisa, é sinal de que, pelo menos, estás vivo – , mas, quer se queira quer não, é pela tendência voyeurista nata inscrita no nosso código genético. E tu até sabes q'a gente tem alguns "amigos" que só lhes falta partilhar os momentos de recolhimento espiritual na casa de banho...
Penso com alguma reserva que, agora, a generalidade das pessoas está mais comedida a coleccionar "amizades". Até porque fazer "amigos" através da internet tem os seus riscos. E não é preciso ser muito sagaz para constatar que há gente que os corre, consciente ou inconscientemente, dado que, como te referi, se revela quais páginas abertas de um livro...
Há "amizades" que também se desfazem num minuto, ao ritmo de uma simples pressão numa tecla ou um "touch".
Pela "veteranice" que tenho do Facebook, julgo que ainda é capaz de haver gente que também utiliza isto como um avaliador de amizades; e tento explicá-lo segundo o meu ponto de vista que até pode estar desfocado. Mesmo tendo a noção de que as interpretações valem o que valem, sabendo-se que não passam de interpretações pessoais.
Dou-te o exemplo do que era o Facebook em 2009. Só para te recordar (enfatizo que isto é baseado na minha experiência, já longa):
Quantos mais "likes" botávamos nas publicações de algumas pessoas "amigas", mais lhes aumentávamos o ego, somando assim mais pontos na sua "amizade". Casos havia em que, para nos testarem, postavam coisas do género: se me gramas à brava, copia e coloca isto ou aquilo na tua página e outras parvoíces, tal era o seu défice de atenção!
Outras, mais extremadas, ficavam tão chateadas com a nossa falta de interesse pelo que publicavam que chegavam a ter descargas biliares! Então, verdes de raiva, não eram de intrigas e apagavam-nos das suas vastas listas de "amigos". As mais radicais, ficavam com a auto-estima tão desabalada que nos bloqueavam; pura e simplesmente, pá, lembras-te? Aposto que também tiveste estas experiências.
Vi malta "amiga" desesperada, nem que fosse por uma migalhinha de reparo!
No fundo, acho que não eram más pessoas, mas parece que as suas vidas dependiam dos nossos "likes" ou comentários, desde que fossem elogiosos.
Porém, tenho de dar a mão à palmatória porque isto também tem algumas coisas boas. Não posso ser inflexível; acho que seria injusto. Daí a minha "espinhosa" relação com esta rede social. Por exemplo, é um veículo extraordinário para reencontrar amigos que julgávamos já não reaver por perda de contactos. Ainda hoje, penso que este é o melhor suporte de pesquisa para o efeito. Tenho casos (pouquíssimos, infelizmente) gratificantes desses felizes reencontros.
Quanto às "amizades" efémeras, acho que são como certas flores sazonais e, por isso, não me merecem a mínima reflexão sobre a sua importância.
E claro que muito mais haveria para dizer, pá, mas hoje não estou nos meus dias. Mais a mais tenho de ir ao dentista e só o simples facto de mencionar a palavra "dentista", já me deixa um bocadinho perturbado, desculpa lá!

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