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A PILINHA E O PIPI

por João Castro e Brito, em 23.11.21

a pilinha e o pipi.jpg

Antes de prosseguir, convém referir que o tema, não sendo novo também não é velho por aí além. E também é óbvio que estou ciente de que este artigo é muito complexo e, por isso, susceptível de provocar alguma celeuma, como é natural. Contudo, vou prosseguir, explanando a coisa de uma forma que não fira muito algumas sensibilidades.
Afinal, a educação sexual faz parte do programa oficial de ensino desde tempos imemoriais, n'é verdade?
Nesse sentido, penso que o controlo parental é perfeitamente dispensável; até porque as crianças de hoje já não são as crianças de ontem (bela frase) e, partindo desta premissa, não as devemos aborrecer com falsos moralismos.
Por conseguinte, este texto pode ser lido em família e sem qualquer tipo de impedimento.
Depois desta curtíssima introdução, vou passar, então, à descrição taxinómica dos órgãos em epígrafe:
Ora, imediatamente, surgem os primeiros obstáculos. Isto porque existem órgãos externos e internos. Todavia, quando se mencionam, pensa-se, invariavelmente, nos que estão à vista desarmada, embora estejam ordinariamente tapados.
No que concerne aos nomes que lhes atribuímos, são tantos que não sabemos por que ponta lhes devemos pegar. Desde torneirinha, pilinha, pirilau e piloca nos meninos, até pipi, rosinha, pombinha e rolinha nas meninas.
É claro que existem outras designações menos simpáticas que me recuso a transcrever por uma questão de decência e porque são sobejamente conhecidas do público em geral e do púbico em particular, não esquecendo o púdico, evidentemente.
Tudo o que a nossa imaginação permitir, poder-se-á assemelhar aos órgãos sexuais, sei lá, uma simples esferográfica, ou a cratera de um vulcão, sofás, lava-loiças, despensas, sanitas, banheiras, enfim, uma infinidade de designações que não caberiam aqui. Portanto, antes que este texto degenere, vou passar à frente.
Como descrever seriamente, e de uma forma geral, os órgãos sexuais? Uma questão sempre difícil para a perspectiva analítica do anatomista, dado que o acessório está inevitavelmente inserido na percepção do sujeito. Efectivamente, são órgãos que merecem descrições particulares. No caso dos órgãos sexuais masculinos as coisas podem atingir vários aspectos, conforme as circunstâncias. Por exemplo, em condições excepcionais, podemos considerá-los como órgãos extraordinariamente versáteis, capazes de assumir diversos feitios. Julgo que é suficiente para se ter uma compreensão abrangente da sua dissimilitude em relação a outros órgãos com menos visibilidade postural, mas não com menos apostura.
Como no género feminino, em que os órgãos externos são diferentes e cuja atitude é mais subtil ou menos explícita – passe a redundância – como já devem ter presumido ou tido a oportunidade de constatar.
Depois da descrição ao pormenor, tratemos do tema da sua utilização ou seja, para que servem? Outra questão delicada. Peço desculpa àquelas pessoas mais recatadas, pela exposição dos órgãos de uma forma um bocadinho despudorada, mas, para simplificar a explicação vou designá-los por pilinha e pipi para não provocar muitos melindres.
Então é assim: A pilinha, se observarem bem (as pessoas obesas podem socorrer-se do vulgar espelho), está situada, mais ou menos, a um palmo abaixo do umbigo e serve para fazer chichi e perpetuar a espécie, segundo o conceito de um antigo deputado do CDS, João Morgado.
O pipi é quase a mesma coisa, com uma ou outra nuance (mais uma vez, as pessoas obesas podem socorrer-se do espelho).
Uma coisa é indiscutível: a pilinha e o pipi, quando estão pelos ajustes, são porreiros um para o outro. Toda a gente (do meu tempo) se lembra daquela quadra muito bonita que aprendeu nos primeiros aninhos de escola e que reza assim: A pilinha e o pipi, são dois amigos leais / Quando o pipi está contente / logo a pilinha dá sinais. Lembra, certamente!
E pronto. Penso que, quanto à anatomia, descrição, classificação e utilização dos órgãos sexuais, mais haveria a dizer; o assunto não se esgota aqui, nomeadamente em relação ao sexo, mas, como sou oriundo de uma família de convicções e rituais profundamente religiosos, constrange-me falar abertamente sobre este tema sempre polémico. É que falar de sexo, oralmente, já é difícil; fará por escrito!
Isto é um assunto muito sério, como certamente se devem ter apercebido. "Com o sexo não se brinca!" – dizia a minha avó com a sabedoria que lhe era peculiar – , mas se não podemos brincar com o sexo, brincamos com o quê? Digam lá!

P.S: A talhe de foice, eis a resposta ao Morgado, da grande poetisa Natália Correia, antiga deputada parlamentar do PSD. Resposta relacionada com o facto de o sujeito ter dito, numa sessão do parlamento, em 1982, que "(...)o acto sexual é para se ver o nascimento de um filho":

Truca-Truca

Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! –
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

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INSÓNIA

por João Castro e Brito, em 26.10.21

insónia.jpg

INSÓNIA

 

A manhã mal acordada
O intervalo do cigarro
O oceano escancarado
Vejo o Tejo a beijá-lo

No paraíso replantado
A eternidade embrutece
No lusco-fusco da placa
Quebro à saudade, anoitece
 
 
 
                                                          No quarto, matuto o tempo              
                                                          Esquadrinho o calendário
                                                          Risco o dia no armário
                                                          Penduro o fardamento

                                                         Trezentas páginas de encanto
                                                         Repousam brancas sobre a mesa
                                                         O diluente da tristeza
                                                         Torna mais espesso o meu pranto

                                                         Mortalha queima, mal a sinto
                                                         Derramo o último chuveiro
                                                         Enquanto, alheio, o dia teima
                                                         Perpetua-se noite adentro

                                                        Quiçá Morfeu se compadeça
                                                        Das minhas penas e me ofereça
                                                        O prazer sublime do seu colo
                                                        E extinga enfim meu pensamento

Composição poética criada a partir de uma carta que escrevi a alguém, há mais de quarenta anos, durante a minha comissão na guerra da Guiné. A autoria é do Zé Resende, poeta e músico nas horas vagas.
Lamentavelmente, perdi o rasto dessa carta...
 
A fotografia (Base Aérea de Bissalanca) é do António Esteves. Não sei se é vivo ou se é morto...

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