Bom, mas depois desta curtíssima explanação, vamos lá meter mãos à obra e em primeira mão, já que estou com as mãos na massa:
A localização das mãos é muito variável. Na generalidade, situam-se imediatamente abaixo das zonas de articulação dos antebraços que são os pulsos. E... acho que perdi o fio à meada...
Imaginem se não tomasse, religiosamente, o meu extracto de Ginkgo, valha-me Deus!
Deixem-me esclarecer-vos, enquanto tento lembrar-me do que ia a dizer, que o Ginkgo biloba é uma planta medicinal muito antiga, oriunda da China, que é bastante rica em flavonóides e terpenóides, tendo, assim, uma forte acção anti-inflamatória e antioxidante. É, também,
conhecida como remédio para a saúde mental. Citei.
Ora, onde é que eu ia?...Ah, já sei! Portanto, ainda em relação à mão, creiam que para se ter mão nisto ou naquilo é preciso ter pulso, o que não é para toda a gente!
Peço desculpa por estes apartes descabelados, mas é esta tendência congénita para me dispersar que me persegue desde tenra idade.
No entanto, prosseguindo com o meu raciocínio, e dentro do propósito que tenho entre mãos, frases como "tira daí as mãozinhas!" são bastante comuns, o que nos leva a supor, embora sem confirmação científica, que as mãos podem encontrar-se em partes do corpo menos consentâneas com a imagem habitual que se tem da anatomia humana.
Normalmente, as mãos são duas (um par). No entanto, em certas circunstâncias, dava muito jeito ter quatro, oh se dava! É que há certas coisas que, a quatro mãos, seriam mais bem executadas e, por conseguinte, penso que mais bem sucedidas. Isto, pese embora a incerteza do costume.
Sendo duas, convencionou-se que se dividissem em mão direita e mão esquerda, só para facilitar a vida às pessoas, senão era uma grande confusão, como devem calcular.
Para fazer a distinção entre uma e outra, façam o seguinte teste:
Coloquem-se em pé, na posição de sentido (posição retesada, para quem nunca foi à tropa). Em seguida avancem a perna direita. A mão que acompanhou o movimento da perna direita, normalmente, é a mão direita. Digo normalmente porque há casos relatados, e devidamente documentados, de pessoas que ficam na dúvida sobre qual a mão que deve acompanhar o avanço da perna direita.
Bom, mas se acham que não se incluem neste grupo de pessoas, ficam, deste modo e por exclusão de partes, a saber qual é a mão que acompanha o deslocamento da perna esquerda, como é óbvio. Se, com esta constatação, verificarem que possuem uma mão suplementar, não entrem em pânico porque é falsa, está bem?
Cada mão é composta, via de regra, pelas costas, pela palma e cinco dedos. Devo salientar que as costas, apesar de estarem no plural, são apenas uma em cada mão. Não se diz a costa da mão porque é um erro de palmatória. Se fosse o Costa do Castelo ou o Costa do PS, vá que não vá!
No reverso das costas da mão seria mais lógico que ficasse o peito da mão, mas, como presumiram e muito bem, a anatomia tem destas contradições. Assim, em vez do peito, ficou a palma, legitimando, assim, o uso oficial da palmatória.
A talhe de foice, digam-me uma coisa: vocês nunca levaram com uma palmatória? Ora, ora, devem ter levado pouco, devem!
Quanto aos dedos, eles são cinco, como já disse: polegar; indicador; médio; anelar e mínimo, mais conhecido por mindinho; fura bolos; cata piolhos; tira macacos e limpa cera, entre outras designações que me abstenho de reproduzir por uma questão de decoro.
Por sua vez, os dedos são constituídos por três ossinhos: falange, falanginha e falangeta que são uns ossinhos inseparáveis, tal é a amizade que os une.
Os dedos também nos permitem tamborilar, mesmo sem tambor. Quem nunca tamborilou, ao ritmo de uma música ou até sem música? Quase toda a gente, é claro!
O mesmo batimento, imprimido sobre o teclado de um piano, permitiu a Chopin compor os seus bem conhecidos prelúdios e Nocturnos.
Genericamente, as mãos são de uma utilidade prática tão extensa que seria maçador enumerar tudo o que se pode fazer com elas. A título de exemplo, vou propor-vos, não outro teste, mas uma experiência:
Procurem uma almofada aí em casa e segurem-na com uma mão ou ambas, tanto faz. Ora, algumas das utilidades mais preciosas das mãos, são agarrar, pegar ou segurar, como facilmente inferiram. Seguidamente, larguem a almofada no chão, na cama ou até no sofá. Estão a ver onde pretendo chegar? Acabaram de descobrir, empiricamente, mais uma utilidade das mãos que é largar.
A seguir, peguem nela e afaguem-na docemente. Com este gesto, acharam outra função das mãos; talvez, uma das mais carinhosas manifestações de afecto do ser humano: fazer festinhas ou acariciar que é a mesma coisa.
Chegados à fase comportamental mais agressiva do homem, testem as vossas mãos, com toda a veemência, na almofada. Infelizmente, as mãos nem sempre servem para afagar; também são um veículo do pior que existe em nós e exprimem-no através de bofetadas, bolachadas, estaladas, punhadas, tabefes, chapadas, lamparinas e por aí adiante.
Neste estádio de alguns exemplos que vos pedi o favor de experimentar, a almofada deverá estar em maus lençóis, dependendo, naturalmente, do entusiasmo da vossa entrega ao que vos propus. Se quiserem continuar e não querendo inutilizar mais uma almofada, podem socorrer-se de uma pessoa que estiver aí à mão de semear para vos auxiliar a concluir a experiência sobre a utilidade das mãos.
Prossigam, então, passando-lhe a mão pela espinha; dando-lhe beliscões; palmadinhas nas costas, fazendo-lhe cócegas; apalpando-a; dando-lhe uma beijoca no alto da testa; dando-lhe um bacalhau; largando-a da mão (não confundir com largar a braguilha); puxando-lhe os cabelos em pé, os pêlos do peito, os pêlos das pernas ou de outros sítios mais recônditos, estes últimos, caso não encontrem pêlos em mais parte alguma do corpo. Verificarão finalmente que, se fossem manetas, nada disto era possível.
Talvez houvesse algo mais para dizer sobre as mãos, mas não quero tornar-me aborrecido. Até porque uma pessoa minha conhecida, que por acaso não é apreciadora deste género de escrita, me disse um dia que os meus artigos são longos de mais e, por esse motivo, muito chatos.
Pois, olhem, vocês aí: tenho esperança de que não me digam o mesmo e desculpem qualquer coisinha, ok? Contudo, não abro mão de escrevinhar mais umas linhas para acabar com mão de mestre, modéstia à parte que, eu cá, não sou de falsas modéstias. É que me esqueci de referir as mãozinhas de veludo; as mãos leves; as mãos de fada; as mãos calejadas; as mãos largas; as mãos de aranha; as mãos postas; as mãos rotas; as mãos limpas; o Mãomé; o Mão Tsé-Tung; o Balsemão e o nosso herói pátrio, Mãozinho de Albuquerque, cuja estátua equestre foi injustamente derrubada em 1975 do século passado, por um grupo de vândalos a soldo de um jihadista chamado Gungunhana. Mas isto daria outra estória, desculpem o devaneio.
E fecho isto com uma menção honrosa à tão apreciada mão de vaca com grão de bico.