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Criei este blogue com a ideia de o rechear com estórias rutilantes, ainda que às vezes embaciadas. Penso que são escritas sagazes e transparentes, embora com reservas e alguma indecência à mistura. No entanto, honestas.
"Se hesito, logo existo!", é uma frase que embora muitos julguem que não foi dita por Descartes, pensador compulsivo e com um discurso muito metódico, poderia ter sido dita antes de pensar que existia. Se não a disse é porque hesitou. A única coisa da qual ele não podia duvidar era da própria dúvida e, por consequência, do seu pensamento.
Quanto a mim, é facto que sou uma pessoa muito hesitante e, se hesito, tenho dúvidas. Dúvidas são sempre problemas chatos que surgem à última hora. Presumo que seja isso, não obstante as habituais incertezas persistentes.
Certo, certo, é que já nada me parece certo, ainda que tenha uma vaga noção de já ter lido ou escutado isto em qualquer lado.
À parte estes considerandos de natureza pessoal, dos quais ninguém quer saber, para além de mim, ou não fossem eles de natureza pessoal, penso que me vou decidir, a não ser o ressurgimento de alguma dúvida imprevista.
A talhe de foice, lembrei-me de que, se persisto em duvidar, alguém vai decidir por mim, é sempre assim e sempre assim será através dos tempos. "Per omnia secula seculorum" – para sempre e sempre, segundo o tradutor do Google, que eu de latim pesco zero.
Ora, uma decisão é sempre algo de importância vital porque ou uma coisa ou outra. Ou por outra: não se pode ficar na meia dúvida mesmo que haja engano.
Nesta perspectiva, uma decisão, bem vistas as coisas, são duas e ambas assumem a mesma importância. Assim sendo, é complicado. "Uma maçada!" – parafraseando a minha prima Idalina, uma complicadinha do caraças!
No entanto, se é muito complicado por um lado, por outro também pode facilitar as coisas porque hesitar faz parte de quem tem dúvidas. E se se hesita é porque a dúvida persiste. O mundo seria bestialmente monótono se apenas existisse uma decisão sem hesitação. Valha-me Deus, nem quero pensar nisso!
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