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AS PERNAS

por João Castro e Brito, em 05.12.21

as pernas.jpg

Por razões que a própria razão desconhece, e sublinho que desta vez não se trata de razões do coração, apeteceu-me escrever sobre as pernas. Para quem não sabe, em princípio, são duas; e não confundam a expressão com o acto de escrever em cima das pernas (ou dos joelhos, como vos aprouver). A propósito, é um (mau) hábito que tenho, mas é assunto que poderei abordar noutra altura.
Então, em relação às pernas propriamente ditas, poder-se-á afirmar, com algum rigor científico, que só existem dos joelhos para baixo. Se se pretender confirmar tal evidência num sentido estrito, então, teremos de admitir que efectivamente as pernas começam na bacia e terminam nos pés que também são dois até ver.
As pernas, à semelhança de outras partes do corpo, podem classificar-se de duas maneiras: localização relativa e forma. Relativamente à localização ou localização relativa que não é a mesma coisa que localização absoluta – já descrita nos primeiros parágrafos – , temos as pernas esquerda e direita.
Já foram relatados casos em que existe mais uma perna: a do meio, mas isso será tema para outro artigo; uma coisa mais elaborada, lá mais para a frente. Assim a memória não me atraiçoe.
É fácil distinguir quais são as pernas direita e esquerda se, de antemão, estivermos habituados a escrever com a mão direita e a coçar uma orelha – habitualmente a esquerda que é onde se tem mais comichão (não tem explicação) – com a mão esquerda. Isto se a pessoa não for canhota porque se for, o caso muda de figura.
No respeitante à forma, as pernas podem ser perninhas; pernocas; pernões; pernaças; pernas-longas; pernas às costas; pernas para o ar; pernas de alicate; perninhas de rã; pernas de frango; pernas de peru; presuntos; et cetera.
As pernas, ou membros inferiores, não obstante serem maiores do que os membros superiores (geralmente), são constituídas pelas ancas, coxas, por si próprias e, naturalmente, pelos pés.
Uma perna sem pé, é uma perna coxa. Porém, um pé sem perna é um pé coxinho. Em ambos os casos há uma perna que é sempre mais curta do que a outra que se convencionou chamar de perna manca.
A articulação das coxas com as pernas é feita através dos joelhos que encerram as rótulas, elementos indispensáveis neste processo de ligação dos ossos, sem as quais estaríamos constantemente a dar pontapés na testa, o que convenhamos, não seria nada agradável! Para esse efeito existem as canelas que não são propriamente uma especiaria, mas antes aquele espaço entre os pés e os joelhos, esse sim, apropriado para levar caneladas.
Os pés merecem, ainda, uma referência especial, como é óbvio, embora me faltem as palavras para explicar os motivos de tal obviedade.
Independentemente de serem grandes ou pequenos, podem ser chatos; de galinha; de galo; de lã; de atleta; de meia; de bailarina; de dança; de elefante; de lótus; de feijão; de salsa; de cabra; de chumbo; de pato; de igualdade e de cereja. Isto para não dizer dos tão apreciados pezinhos de coentrada e de leitão.
Trata-se, também, de uma zona anatómica que, às vezes, gera alguma confusão nas pessoas menos esclarecidas. E porquê? – perguntam vocês com toda a propriedade. Porque, com efeito, as partes baixas do corpo são os pés e não as partes pudendas, como erradamente devem ter presumido.
A talhe de foice, os pés articulam-se com as pernas através do calcanhar de Aquiles (em princípio são dois ou seja: um em cada pé). No entanto não se pode esquecer o papel complementar e determinante do tendão de Aquiles (igualmente dois, até ver) em qualquer acção locomotriz dos membros inferiores.
Quanto à utilidade dos pés, vou ter de pedir a vossa ajuda para fazermos a seguinte experiência:
Façam o favor de não se sentarem, ou se estiverem sentado(a)s, levantem-se. Em seguida avancem, naturalmente, a perna direita cerca de vinte centímetros. Se já fizeram esse pequeno movimento pedestre, acabaram de dar "um pequeno passo para o Homem".
Agora, avancem lentamente a perna esquerda cerca de três metros. Já está? Em linguagem coloquial, deram "um salto gigantesco para a Humanidade".
Finalmente, movimentem alternadamente uma perna e outra, tanto para trás, como para a frente. Podem até recuar estrategicamente um passo para dar dois à frente, enfim, fica ao vosso critério.
É para o que as pernas servem: para andar; tanto para trás, como para a frente e, em certas circunstâncias, para o lado, como facilmente depreenderam; e também deduziram que esta coisa da anatomia é uma grande pepineira.
E pronto; se quisermos e tivermos muita força de vontade, podemos fazer muita coisa com uma perna às costas ou até com as duas.
Resta a velha e sacramental exclamação: Pernas pra que vos quero!

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