
É quase impossível determinar a origem do nome Maria. Digo "quase" sob o ponto de vista de um ignorante na matéria - sublinho.Talvez a partir do "hebraico Myriam" que significa "senhora soberana ou vidente", mas é incerto ou, se calhar, improvável.
Por ser um nome bastante comum; e até anterior a Cristo, pode ter derivado do "sânscrito Maryáh" que significa, literalmente, a "Pureza, a Virtude e a Virgindade".
Outra tese sustenta que o nome "Maryam" terá surgido a partir das expressões "assírias Yamo e Mariro", as quais se transcrevem como sendo "Mar azedo ou Acre no idioma aramaico assírio".
Pelo que consegui apurar na net - convém não desdenhar das coisas interessantes que se podem pesquisar nesta rede - e na escassa produção bibliográfica que possuo sobre o assunto, não cheguei a qualquer conclusão...
Certo é que, na tradição judaico-cristã, está associado ao culto mariano e é um nome que, como todos os católicos sabem, é dedicado com muito fervor à "Virgem Maria, Mãe de Jesus"
Todavia, a Mãe de que vos escrevo, não sendo Maria, como a "Virgem", nem por isso foi menos Santa.
Dizer de tudo o que representou para os seus filhos e netos não cabia nestas linhas singelas. A sua presença, a paz de espírito, a paciência que tinha para todos, a bondade e o amor que emanavam de si eram infindos. E o seu cheiro era bálsamo...como era bom o seu cheiro!
Um dos filhos conserva uma batinha, secretamente escondida, das que Ela usava no dia a dia até pouco antes de morrer. Porventura, na presunção de que talvez consiga preservar o olor próprio de sua mãe porque, desde que partiu, nunca mais abriu o "relicário" onde a guarda religiosamente. Talvez, um dia um pouco antes de chegar, também, a "sua hora"...
É uma peça de vestuário que, sem pretender sacralizá-la, tem pudor em corromper, expondo-a ao ar impuro, após anos de recolhimento. Não é dado a misticismos, mas é algo que o seu raciocínio não consegue explicar. A faculdade de estabelecer relações lógicas, às vezes, foge ao seu lado racional..
Mas, continuando a dizer sobre Ela:
Era uma Mulher que pensava muito com os seus botões; sobretudo na melhor forma de gerir o frágil orçamento familiar. E como era entendida no assunto! Tivéssemos uma ministra das finanças com o seu sentido de poupança e não precisávamos de resgates nem de troikas!
Passou anos a fio a madrugar para aprontar o começo do dia para todos; sem mas nem ais; sempre a mesma rotina; sempre a primeira a começar os quefazeres; e sempre com o mesmo desvelo.
O "chefe de família" era o primeiro a ser servido e com honras de suserano! Aliás, era sempre o primeiro em tudo o que resultasse em benefício próprio...
Ao invés, Ela era sempre a última a servir-se. Era sempre a última em todas as circunstâncias e se mais circunstâncias houvesse...
Cuidava diligentemente de tudo e de todos e geria com parcimónia o parco vencimento que entrava em casa, proveniente da única fonte de rendimento: o trabalho do marido.
Lamentos, só os dos ossos com o avançar da idade. E sobrava-lhe tempo para amar o marido, os filhos e mais tarde os netos; com um sorriso doce que a todos enlevava. Ela fora sempre assim, com aquela expressão de quem estava de boas relações com o mundo, apesar das dificuldades da vida.
Era casada, claro, mas daquelas mulheres casadas à moda antiga; subserviente às vontades e caprichos do parceiro e, se calhar, pouco amadas ou talvez amadas de uma maneira assaz estranha...
Porém, eram tantos o apego, a bondade e a ternura que brotavam dela que, só agora, passados tantos anos, alguém se continua a dar conta do seu amor incondicional e da falta que lhe fazem o seu colo, os seus beijos e os seus doces afagos! Ela que não era Maria, nem Virgem, mas uma Santa!