Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


A PRIMA FELISMINA III

por João Castro e Brito, em 29.01.24

a prima felismina.jpg

(in Blogue do João Ratão)
 
Trafaria, 24 de Agosto de 1994
 
Minha querida prima Honorina:
Há muito tempo que não te escrevo e, por isso, peço-te muitas desculpas. Espero que estejas bem de saúde, assim como eu que cá vou indo menos mal, graças a Deus.
Escrevo-te esta carta, principalmente, pra te contar que tenho andado muito curiosa com umas notícias que dão conta da descoberta de um poço de petróleo na Fonte da Telha.
Até já tive uma ideia muito boa: disse ao Horácio para pegarmos nuns jerricãs e irmos até lá enchê-los daquilo. Como nos cortaram o gás, por falta de pagamento, comprámos um daqueles fogareiros antigos a petróleo, em segunda mão. Sim porque a electricidade também está pelas horas da amargura, filha! O Horácio ainda pensou em comprar um daqueles fogões eléctricos mais baratinhos, só com um queimador, mas iam ser menos umas idas à taberna e outras à bola; e tu sabes que ele não bate bem da bola. Ou ele não fosse um maluco da bola!
Depois, estamos sempre a receber avisos da EDP de que um dia destes também nos cortam a luz.
E olha, prima, até nos faz bem ir lá. Aquilo sempre é de borla e aproveitamos pra tomar banhos de mar pra poupar gastos de água desnecessários. São despesas que se podem evitar porque com a inflação isto já quase não dá para o petróleo.
Eu acho que está mal estragar-se, assim, uma coisa que faz tanta falta, já viste? Está ali sempre a correr e ninguém quer saber, valha-nos Deus! Ao menos que o dessem aos pobrezinhos, n'é?
Ele, há para aí tanta gente necessitada! Mais a mais, com as reformas de miséria que já nem dão para comprar um maço de Provisórios, quanto mais de Definitivos! Mas temos de reconhecer que o governo as dá de boa vontade porque, coitadinho, pra ele, que não anda a nadar em dinheiro, também deve ser um grande sacrifício reparti-las pelas aldeias. Temos de convir que se o governo não quisesse também não dava nada, não achas, prima?
Só este ano, a nossa reforma já aumentou 50 escudos! São favores que só se podem pagar com reconhecimento, filha, sabes?
O senhor Serafim, que tem uma reformazinha de 7 contos, quando soube do último aumento ficou tão comovido que até me tocou:
"É uma esmola que me fazem..." – dizia – "Com este aumento já vou poder deixar de beber a bica e o bagaço depois do almoço. Não era preciso tanto!"
Coitadinho do velhote! Tenho pena dele, sabes?
Vê tu que o senhor, com o dinheiro do aumento, mandou cerzir o semóquingue do casamento e foi agradecer para a porta do Ministério da Reforma Administrativa!
O pior aconteceu quando um polícia se aproximou dele e lhe disse que não se podia manifestar à porta do Ministério e o mandou dispersar.
O senhor Serafim, cheio de boas intenções, ainda lhe perguntou: "Para que lado é que disperso, senhor guarda?"
O agente da autoridade, deve-lhe ter caído aquilo mal e não foi de intrigas: dispersou-o com três cacetadas pela seguinte ordem: uma na testa, outra no peito e outra no baixo ventre. Foram cacetadas de tal modo violentas que obrigaram o velhote a ir receber tratamento no banco do São José. Estava cá c'uns inchaços que nem calculas! Mas, graças a Deus, não foi nada. O doutor que o observou disse que aquilo era só um bocadinho de reumatismo, vê tu! Mesmo assim, teve de ficar um dia internado, o pobre!
A senhora enfermeira-chefe disse que ele não podia ficar mais dias porque têm falta de camas no hospital. E deve ser verdade porque foi transferido para a enfermaria de obstetrícia por já não haver camas na dos ossos.
Na cama ao lado da do senhor Serafim, estava um sujeito que tinha andado a comer elefantes vivos durante um safári, vê lá tu! Aquilo, se calhar, deve-lhe ter caído na fraqueza porque já lá estava há uma semana e ainda se sentia muito engasgado. Coitado do homem! Estava cá c'umas trombas que dava dó de olhar! E com razão, pois a gente sabe que a carne de elefante é muito indigesta!
Olha, por hoje é tudo, filha! Tenho de ir fazer uma canjinha de peles de frango para o meu Horácio. O raio do homem pela-se por pelinhas de frango que tu nem fazes ideia!
Recebe um beijo desta tua prima que te estima e s'assina,
Felismina

Autoria e outros dados (tags, etc)

VÍRUS

por João Castro e Brito, em 25.01.24

vírus.jpg

Está aqui um caldinho pandémico que não sei se vos diga se vos conte! Já só faltavam o senhor Albuquerque e os seus "amigos". Para não dizer dos truques de magia do senhor Jardim durante mais de 40 anos de governação da Região Autónoma.
Ao contrário do senhor Costa, agora Primeiro Ministro de um governo de gestão, que se demitiu de imediato, mesmo sem ter sido constituído arguido por suspeita de envolvimento num escândalo de corrupção, o Presidente do Governo Regional da Madeira é arguido e não pediu a demissão (até agora).
É este o ponto da situação a pouco mais de um mês das legislativas antecipadas por demasiados casos e casinhos.
Resta ao eleitorado pensar mil vezes em quem votar, o que, na minha modesta opinião, pode ser uma tortura mental. Excluo de tal dificuldade de escolha quem "não tem dúvidas e raramente se engana", parafraseando alguém, irrelevante para aqui (ou nem por isso)...
Podemos votar em quem está menos infectado com o vírus, mesmo sem deixar de estar "doente". Escolher o mal menor já não é uma opção inédita. Pelo menos, dentro da tríade que tem repartido o poder ao longo de 50 anos de "democracia": aqueles e aquelas que, afinal, ainda não conseguiram (porque não quiseram) colocar a malta a par da qualidade de vida dos cidadãos e cidadãs dos países mais avançados da Europa.
Ao contrário de um slogan do PSD, porventura ainda visível em algum cartaz espalhado por aí, que não este (manipulado) com que ilustro o artigo, já não acredito nem deixo de acreditar. Porém, tenho o dever de votar! É uma prerrogativa que a liberdade me restituiu em 25 de Abril.
Ainda restam alternativas muito contagiosas e, por isso, bastante perigosas, certamente, mas, para quem gostar de "aventuras", tem por onde escolher. Da extrema-direita à extrema-esquerda, há gostos para algumas formas interessantes de suicídio nacional...
Quanto a isto, tenhamos ainda alguma fé na justeza da Justiça e deixêmo-la fazer o seu trabalho...

Autoria e outros dados (tags, etc)

UM CASO BICUDO

por João Castro e Brito, em 24.01.24

um caso bicudo.jpg

O corpo estava de costas. De costas voltadas para o chão. No ventre tinha um buraco redondo.
O inspector Casimiro avaliou-o minuciosamente e disse:
"Calibre 38".
Entretanto, Silvério – o fotógrafo forense – aproximou-se e informou:
"Apareceu a arma do crime, inspector: é uma faca de ponta e mola. Estava mesmo ao lado do corpo, dentro de um saco preto em veludo cotelê."
Aquilo não era propriamente uma faca de ponta e mola, mas antes um saca-rolhas.
O inspector Casimiro, pensou que o fotógrafo estava a precisar de ir ao oculista. Porém, não quis abrir ali uma discussão sobre o objecto do crime porque também tinha caído em erro ao aludir a uma arma de fogo.
Sem dar parte de fraco, mirou e remirou o saca-rolhas e concluiu:
"Deve ter sido à queima-rolha... Temos aqui um caso bicudo!"
"Diria, até, um bico d'obra, chefe! – disse o agente Silva
Reuniu os ajudantes e ordenou:
"Alinhem os suspeitos por alturas!"
O agente Silva alinhou os suspeitos por alturas e contaram oito.
"Não há mais?" – perguntou o inspector Casimiro.
O principal suspeito explicou:
"Não vieram todos, senhor inspector. Hoje dá o Sporting - Benfica na televisão.
"Assim, disponíveis, só há estes, chefe!" – disse o Silva.
"Bem...chegam." – disse o inspector Casimiro.
Puxou do cachimbo, acendeu-o, sorveu uma fumaça e cravou o olhar penetrante nos suspeitos perfilados à sua frente e por alturas, como havia pedido.
O mais alto apontou o dedo para as duas suspeitas que o precediam e declarou:
"Senhor inspector, como vê, estou acima de qualquer suspeita!"
Discretamente, o inspector Casimiro, ligou o gravador de voz do telemóvel.
"Bom, vamos lá saber qual de vós é que vai abrir o bico e confessar a autoria do crime de homicídio, na pessoa deste pobre que jaz morto e arrefece?"
Silêncio sepulcral.
"Vá lá!" – aconselhou o inspector com bons modos: "Quem diz a verdade não merece castigo!"
"Se calhar foi algum dos que foram à bola, senhor inspector!" – sugeriu um outro agente presente, o Pimentel.
O inspector encolheu os ombros e disse:
"Então, fica incumbido de ligar aos gajos na segunda-feira e faz-lhes a pergunta, ok?"
Nesse momento apareceu o médico legista a correr, espavorido.
"O homem está vivo!...Ele está vivo!"
Casimiro levantou um sobrolho e perguntou:
"Mas está vivo, quem? Desembuche, homem!"
"O morto, inspector! Quem havia de ser? – redarguiu o médico legista, perturbado.
O principal suspeito deu um passo em frente e confessou:
"Fui eu, senhor inspector. Fui eu que o matei!"
"Então, puxe uma cadeira e vamos lá conversar!"
Disse ao agente Silva pra mandar destroçar os restantes suspeitos.
"Agora, conte-me tudo, tintim por tintim!"
"Bom, senhor inspector, não foi com intensão." – disse o homicida, limpando, a um lenço, o suor que lhe escorria da testa: "Havia muito fumo na sala, não se via quase nada e, por causa disso, eu andava à procura da rolha. Mais a mais, a vítima veste um colete com botões de cortiça e eu fiquei baralhado!"
O inspector Casimiro reflectiu num ápice e disse:
"Ah foi? Então, vou acusá-lo de homicídio involuntário!"
"Não pode, inspector! – contrariou o médico legista – "Acabei de dizer que a vítima está viva; fui eu que a reanimei!"
O inspector Casimiro, gesticulou, em trejeito de pergunta, como é que o médico o havia feito.
"Pus-lhe a rolha!" – disse – "Tapei-lhe o buraco do saca-rolhas."
"Ah bom!" – condescendeu o inspector – "Portanto, temos aqui dois casos de tentativa de homicídio. Ora, eu não posso acusá-lo de tentativa de homicídio frustrado involuntário que diabo!"
Veio a vítima e dirigiu-se ao médico legista:
"Doutor, então, não me põe o lacre? É q'assim, a rolha salta!"
"Xi, já não me lembrava que você tem gases, homem!" – desculpou-se o médico legista.
"Já sei!" – exclamou, de súbito, o inspector Casimiro, questionando o homicida:
"Você tem licença de uso e porte de saca-rolhas?"
"Não, senhor inspector!" – confessou o ex-homicida, branco como a cal da parede.
"Ora, aí está! Você só pode sacar caricas! Abra-me lá uma míni, antes de o algemar, vamos!"
Todavia, o infractor, num salto, apoderou-se do saca-rolhas e apontou-o ao peito do inspector:
"Mãos ao ar! Ninguém se mexe!"
Soltando uma gargalhada sinistra, preparava-se para fugir pela janela quando se ouviu um estampido abafado. Atingido em cheio na nuca, o patife cambaleou e caiu redondo sem ter tido tempo para gritar pela mãe.
"Foi a rolha da vítima que saltou." – disse o médico legista.
"Matou-o?" – perguntou o inspector Casimiro.
"Está morto e bem morto!" – confirmou o médico legista após declarar o óbito.
"Ora, então, escreva aí, Silva:
Prende-se a vítima por homicídio involuntário!" – ordenou o inspector Casimiro.

Autoria e outros dados (tags, etc)

cartas portuguesas.jpg

Nota do autor: A expensas da Fundação Padarias e Derivados e do Círculo Amigos dos Lacticínios, Artur Reboredo e Silva, personagem que descobri no preciso momento em que escrevinho isto, sentado na sanita – perdoe-se-me o vulgarismo com que descrevo o local de "trabalho"(*) – , deslocou-se a Paris onde havia encontrado duas cartas inéditas e um telegrama, caídos do céu, os quais teve o cuidado de remeter, com toda a urgência, ao Património Cultural dos CTT do nosso amado país. Transcrevo uma das cartas, já de si enfadonha, para quem, eventualmente, passar por aqui só pra deitar o rabo d'olho:
 
Paris, 2 de Novembro de 1669
Adoré Mariane:
Estimo que se encontre de boa saúde, assim como as suas santas e amabilíssimas irmãs, sem esquecer a Abadessa, que eu cá vou indo conforme a vontade de Deus e a graça do meu Rei.
Tolere-me, por todos os santinhos, o atraso desta singela cartinha, mas só ontem me foi dado a conhecer, em detalhe, o conteúdo das suas six longues Lettres Portugaises Inédites, entregues pela mão de Guilleragues, as quais me tomaram o final do dia e se prolongaram até ao raiar do Sol deste em que lhe respondo, apesar de enevoado.
Perdoe-me, também, todo o mal que lhe fiz, inclusive a perda da soma preciosa de três vinténs, esse o pior deles e, infelizmente, irreparável aos olhos de Deus e aos da física.
Aimé Mariane, pagarei, caro, tal mal, nem que para tal passe a comer do rancho das praças ou assente praça na Legião Estrangeira. Ordene-me e fá-lo-ei por penitência!
Oh, ma douce et malheureuse Mariane, o que fomos fazer, valha-nos Deus?! A carne é fraca, é o que é!
Epistolar Mariane, é um militar que lhe suplica, embora seja seu hábito ordenar: venha pra cá viver comigo o socialismo celeste. Plongeons notre amour dans la Rose. Aqui, estaremos juntos, no centro da União Europeia, rodeados de queijos, legumes, vinhos, teatros e muita cultura, ma chérie, ma vie!
Fuja, belle Mariane, desse convento escuro e frio! Faça-se à vela, antes que o nosso amor se vá à vela, e venha, meu rico tesouro!
Dispa o hábito e embarque no comboio da meia noite pro Barreiro, mon amour! Depois é só tomar outro em Santa Apolónia pra Paris. É rápido, vai ver, minha flor!
Espero por si, junto ao Arco do Triunfo onde estou acampado em greve de fome, antecipando o castigo pela ignomínia da desonra.
A barraca é pequenina, mas cabemos nela aconchegados.
Beijos apaixonados do seu plus que tout,
 
Passos Dias Tristão
Alferes Miliciano do Exército de Luís XIV - o Grande.
 
(*) A verdade seja dita
E com grande exaltação
Q'é sentado na sanita
Em febril agitação
Que m'encontro com a escrita

Autoria e outros dados (tags, etc)

EM PRIMEIRÍSSIMA MÃO!

por João Castro e Brito, em 11.01.24

em primeiríssima mão.jpg

Caras pessoas, agora que as próximas legislativas estão a bater-nos à porta, tenho o raro privilégio e, por conseguinte, a enorme satisfação de vos anunciar, em primeiríssima mão, a emergência na cena política nacional de alguns novos partidos que poderão contribuir para a revitalização do quadro da vida pública e, quiçá, da vida púbica. Algo assim como uma lufada de ar fresco no deserto tórrido do panorama político cá do burgo, estão a ver a coisa? O tempo dirá se vamos ter um clima mais temperado ou se isto destempera (não confundir com desarranjo intestinal) tudo. Passemos, então, à sua apresentação e descrição sumária:
Partido Anarco-Maoista de Portugal, PAMP:
Resultou de uma cisão no Partido Maoista Revolucionário Português, PMRP (não confundir com o Movimento dos Rapazes e Raparigas que Pintam as Paredes, MRPP, de boa memória iconográfica).
É fundador da conhecida Décima Segunda Internacional, juntamente com dois partidos irmãos: um de Andorra e outro do Burundi.
Só não fundou a Décima Terceira porque os seus membros constituintes são pessoas muito supersticiosas. Pensa-se que a implantação nacional do partido vai ser pouco significativa, dado o reduzido número de membros: catorze militantes – co-fundadores – mais um apoiante, estudante-trabalhador, natural de Cacilhas, ainda hesitante entre o PAMP e o CHEGA.
Do seu programa eleitoral destaca-se, na essência, a luta pela abolição da roupa interior que, segundo o espírito mentor do seu líder, cujo nome já se me varreu, "...oprime e estrangula as partes pudendas do povo, não permitindo a livre circulação sanguínea..."
 
Conselho Patriótico Aníbal Cavaco Silva, CPACV:
Partido, assumidamente, de extrema-direita com relações estreitas com outro grupo extremista português, o Camaradas Honrados Em Glória Avante, CHEGA (a propósito de Avante, qualquer dissemelhança com um outro partido irmão, é pura semelhança).
Em comunicado recente, divulgado na rede social TikTok, revelaram que, caso venham a fazer parte da nova AD (quem sabe), vão propor a alteração a uma das regras de combate, relacionada com a prática milenar da arte marcial "luta greco-romana", de onde deriva a sua matriz intelectual, por a considerarem muito lasciva e, por isso, propícia a interpretações dúbias e até moralmente imprópria para exposição pública.
 
Partido Monárquico Leninista, PML:
Idealiza a construção de um futuro brilhante para o povo português, através da fusão teórica da monarquia constitucional com o centralismo democrático. Propõe a aclamação de Jerónimo de Sousa como Rei de Portugal e dos Algarves.
Centro Social Centrista, CSC:
Situando-se à direita, no espectro político nacional, este partido reivindica-se como um partido de centro-esquerda, embora a generalidade dos seus militantes, cerca de sete, se afirmem convictamente neo-nazis. Trata-se, portanto, segundo as palavras do seu secretário geral, de "um partido que abomina todas as formas de totalitarismo, a não ser que a tal nos obriguem!"
 
Partido Marítimo Português, PMP:
Defende a necessidade de Portugal recuperar a sua "gloriosa" epopeia marítima e a continuidade da sua expansão por "mares nunca dantes navegados".
Lançou há dias uma vasta campanha de recolha de fundos para a construção de caravelas e naus catrinetas.
 
Partido Unidade das Trabalhadoras Anarco-Sindicalistas, PUTAS:
Resultante da fusão do Partido Unido (PU), de tendência duvidosa,
com a agremiação sindical, Trabalhadoras Anarco-Sindicalistas (TAS), é constituído, presentemente, por um casal de proxenetas, fundador do PU, e uma dúzia de trabalhadoras anarco-sindicalistas que se juntou à iniciativa do casal, para formar um partido que se dedique exclusivamente à causa da "profissão mais antiga do mundo".
Como vêem, não faltam argumentos para outras opções de voto que não sejam escolher sempre os mesmos. Votem em consciência!
 

Autoria e outros dados (tags, etc)

JESUS TOPA-TE AO LONGE!

por João Castro e Brito, em 11.01.24

jesus.jpg

E é de ginjeira, sabes? Não tens como Lhe escapar! Antes que penses em engendrar um esquema pra te baldares às tuas obrigações, já Ele tem antecipado a tua jogada! Ou tu pensas que o Homem anda distraído?! Ele é omnisciente, omnipresente, omnipotente e essas coisas todas, 'tás a ver, pá? Portanto, põe-te à tabela, pois não há buraco que te esconda; tens muitas contas a ajustar! Deves julgar que não tens telhados de vidro, queres lá ver?! Olha lá bem para o fundo do teu âmago! Não vale a pena andares a bater com as mãos no peito, à espera de um lugarzinho no Céu porque Ele já deixou de dar para esse peditório!
Toma lá juizinho porque ainda estás a tempo e a vida são dois dias e um deles já passou, hum? Vê lá, vê! Apressa-te!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

ÁLCOOL AO VOLANTE

por João Castro e Brito, em 10.01.24

álcool ao volante.jpg

"Segundo o Código da Estrada, é proibido conduzir sob influência de álcool ou de substâncias psicotrópicas.
De acordo com a legislação, isto corresponde a uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 0,5 g/l."
Ao que parece – corrijam-me se estiver errado porque eu de volumetria pesco zero, mesmo sabendo que o álcool é um "reagente" – , esta taxa de alcoolemia equivale ao volume de uma garrafa contendo 7,5 dl de vinho tinto de 16 graus ou a um copo com 2 dl de bagaço.
Convenhamos que tudo isto é muito vago, como facilmente inferiram...
E quanto à cerveja, ao uísque, ao gin, à ginjinha, ao brandy, ao leite, à água e a todas as restantes bebidas?
Afinal, como é? Como é que uma pessoa que conduz um veículo automóvel pode saber se o seu nível de alcoolemia infringe a Lei ou não, se não existem tabelas de equivalência entre as várias bebidas que a possam orientar?
Seria fácil se existisse essa tabela, n'é verdade? Nem era necessário andar com um papel sempre à mão de semear, pois bastava descarregá-la para o telemóvel, por exemplo. Ou, até, colá-la no lugar do selo do seguro do carro que já deixou de estar à vista no pára-brisas. Apenas por uma questão de controlo, só para a gente não se esquecer.
Pelas minhas contas – contas de merceeiro, confesso – , beber o tal copo de 2 dl de bagaço, corresponde, a grosso modo, à ingestão de 10 l de leite meio-gordo; 25 hl de Sumol (passe a publicidade); 100 kl de água; 35 frascos de tornesol e 0,5 dl de álcool a 90 graus. Isto, tomando (no sentido restrito) estes líquidos como referência para o efeito.
Sabendo que se atinge o referido limite, consumindo 7,5 dl de vinho tinto ou 2 dl de aguardente vínica, bastava consultar uma tabela de equivalências para ficarmos a saber que seria o mesmo que beber, por exemplo, 25 hl de Sumol (passe a publicidade) mais 10,5 frascos de tornesol ou 10 l de leite meio-gordo e uma colher de sopa de álcool a 90 graus. Porém, como um copo com 2 dl de bagaço equivale mais ou menos a 10 canecas de 0,5 l – ressalvo que estas contas ou estimativas dependem muito da massa corporal de quem consome estes líquidos – , bastará que beba meia garrafa de vinho tinto e o conteúdo de uma dúzia de frascos de tornesol para cair sob a alçada da Lei ou, na hipótese mais acerba, para cair e nunca mais se levantar.
Embora não exista, por enquanto, a tal tabela, e a gente sabe que faz muita falta, não deixe de relevar a minha tese, pela saúde do seu fígado.
Vá por mim que sou barbeiro!

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D