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OS TRÊS EFES

por João Castro e Brito, em 04.06.23

fado, futebol e fátima.jpg

Olho para a varanda do último andar de um prédio em frente a este onde moro e tento escrutar o que motiva um gajo a limpar os sapatos com um spray e uma escova. Curiosamente, fá-lo com regularidade e até com alguma etiqueta. Não constato o acto porque me dê alguma espécie de prazer em bisbilhotar coisas que as pessoas fazem nas suas casas, mas porque lá calha presenciar, involuntariamente, a tarefa do vizinho da frente. Penso que tem a ver com o facto de demorar uma eternidade a deixar os sapatos num brinco. Simultaneamente, enquanto lhe observo os gestos rotineiros da operação, através da cortina indiscreta, chega-me o eco proveniente da TV, ali na sala ao lado – não importa distinguir o canal, pois estão todos sintonizados nos enredos do momento, os quais se vêm arrastando monotonamente há algum tempo desde o caso da tal indemnização milionária à Alexandra Reis. E quando não se rebate o enésimo episódio desta novela, rebatem-se outros como o da novela João Galamba e a Comissão de Inquérito da TAP ou as supostas habilidades do senhor Costa em desviar-se das questões que lhe são colocadas acerca da intervenção do SIS no caso do Ministério das Infraestruturas, et cetera. Quando não são estes, são os relatos recorrentes e exaustivos sobre a pedofilia clerical ou os assédios sexuais e morais dos "setores" aos alunos e alunas do ensino superior.
E ainda sobram as doses generosas de Fátima e futebol. Daqui, excluo o fado porque, entretanto, o fado regenerou-se, eu amo o fado, amo a saudade e o fado deixou de pertencer a essa trilogia tão famigerada, frequentemente referida como os três pilares da ditadura fascista para a pacificação e alienação das massas.
Tirando o aparte da minha paixão pelo fado, acho que este meu Portugalzinho não está, mentalmente, muito distante do de há meio século.
E continuamos com os peditórios para a Caritas, para o Banco Alimentar e demais instituições de solidariedade social.
As filas para a "sopa do Sidónio" também engrossaram. E a Banca, meus senhores?!... Diz-se à boca cheia que tem tido lucros fabulosos, o que, tudo junto, dá um bom caldinho!
Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes...

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