Em 2015, um tal comissário europeu para a "Economia e Sociedade Digitais" (não sabia que havia um comissário europeu para estas coisas, peço desculpa pela minha elevada ignorância), entregou ao, então, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, em Berlim, um óscar...perdão, um galardão, com um nome muito pomposo: "Golden Victoria Europa".
Parece que foram uns gajos alemães, representantes de uma associação de editores, não sei do quê, que inventaram este prémio anual.
Günther Öttinger – assim se chama o sujeito que era comissário dessa coisa – dedicou o "Prémio Europeu do Ano" aos "11 milhões de pessoas que vivem em Portugal".
Imagino a honra que todos devem ter sentido ao terem sido conhecedores da atribuição do prémio.
Todos é como quem diz: temos de subtrair os largos milhares que constituíram o êxodo para o estrangeiro na procura de melhores condições de vida. Se calhar, motivados por um apelo que havia sido feito por um "boy" imberbe, Secretário de Estado da Juventude e Desporto, que se dirigia, assim, a uma plateia de jovens luso-brasileiros em São Paulo:
"Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras". Observação infeliz que se tornou viral, pela boca de alguns governantes, entre os quais, Passos Coelho.
Mas, essencialmente, o galardão deveu-se, na opinião do senhor comissário, ao "êxito" do país em concluir o programa da troika.
E prosseguindo no discurso elogioso, disse que Portugal conseguiu "encontrar o caminho para mais emprego e competitividade" (fiquei banzado!). Acrescentou que o prémio era também um pedido aos portugueses para que "possam manter uma estabilidade política, económica e financeira, sem oscilações". Aqui, o gajo borrou a pintura! Estava a ir tão bem e, no final, saiu-se com esta!
Passados sete anos, com o advento das novas e trágicas realidades globais que nos têm assolado e permanecendo um bocadinho instáveis, pelo menos, nos domínios económico e financeiro, com reflexos na equidade social, continuamos a ser tratados quase como se fôssemos um dos meninos mais mal comportados da Europa da "União". Porém, com uma ligeira nuance: estamos no bom caminho para conseguirmos recuperar o tempo perdido, em áreas como as energias limpas e a digitalização, segundo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
Assim, a "bazuca" nos ajude, mesmo com os enguiços a que estamos acostumados há décadas. O ideal seria a gente acabar com aquele cisma, que já vem dos tempos afonsinos, de que "se não é do cu é das calças".
Pode ser que... Longe vá o agouro!