Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Criei este blogue com a ideia de o rechear com estórias rutilantes, ainda que às vezes embaciadas. Penso que são escritas sagazes e transparentes, embora com reservas e alguma indecência à mistura. No entanto, honestas.
É uma expressão popular que, porventura, as gerações mais novas desconhecem. Isto porque caiu, naturalmente, em desuso. E digo "naturalmente" com muita convicção, dado que, como diz o Poeta, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
"No meu tempo", aquele longínquo tempo em que o feijão era a cinco tostões o litro, era comum dizer-se esta frase quando alguém ficava de boca-aberta (ou cara à banda) com algo insólito ou com um acontecimento imprevisto.
Penso que as "coisas do arco-da-velha", também têm alguma relação com o "tempo em que o feijão era a cinco tostões o litro". Ambas fazem referência a um passado remoto que a época em que vivemos pretende apagar da memória colectiva. Porém, aceitável porque, entretanto, foram substituídas por expressões mais consentâneas com estes tempos.
É claro que algumas coisas, inexplicáveis à luz da razão, passaram a ser invenções ou histórias da carochinha; petas de raiz popular em que muita gente ainda acredita piamente, por via da sua iliteracia e, por consequência, temor ao desconhecido. Contudo, digo-o sempre com alguma reserva porque, por estranho que pareça, também sou muito temeroso. Contudo, isto dava outra estória...
As línguas dos povos também vão assimilando novos modos de comunicar; alguns são importados, mas isso é uma mais valia e também um resultado da globalização.
Afinal, são as comunidades linguísticas que fazem com que as línguas permaneçam vivas, e em constante mudança, e não os acordos ortográficos obscuros.
A nossa, com a passagem de povos oriundos de outros continentes desde tempos imemoriais, até antes da fundação da nacionalidade, está bem viva e recomenda-se. Actualmente, é o produto de uma sociedade multicultural. Por conseguinte, mantém-se sempre aberta a novas introduções de hábitos e costumes, mormente de origem oculta, mas nem por isso menos essenciais para o enriquecimento dos nossos léxico linguístico e modus vivendi.
Mas, voltando ao "meu tempo", ainda se conseguem ouvir da boca de algumas pessoas, particularmente de idade avançada, frases do tipo: "no meu tempo o respeitinho era muito bonito" e outras frases mais ou menos idênticas. Todavia, como disse, têm caído inevitavelmente em desuso. Algumas foram substituídas e outras assumiram uma nova importância.
Concentremo-nos no "arco-da-velha" e nas várias interpretações em torno do seu significado:
Por volta do século XIX, esta expressão - com carga bíblica - servia para simbolizar o arco-íris. Uma de várias explicações teria a ver com a "arca de Noé" e o "dilúvio" ou seja: após a "inundação universal", consta que Deus fez o arco-íris para celebrar um pacto com o Homem: uma espécie de tratado de não agressão celebrado com Noé.
Uma das cláusulas referia que o Criador não voltaria a enviar outra grande enxurrada tão devastadora como aquela que todos conhecem dos textos sagrados. No entanto, parece que Noé não leu aquilo até ao fim, por preguiça ou falta de visão, e assinou o documento às cegas. Não leu, sobretudo, nas entrelinhas. Mais a mais, naquele tempo, ainda não tinham inventado os óculos para ler ao perto e a malta limitava-se a passar os olhos pela papelada, o que era muito chato para o contraente, como é fácil de intuir.
Outra explicação para isto, teria sido a suposição generalizada de que Noé não sabia ler nem escrever, o que, até hoje, tem permanecido um mistério.
Assim, o resultado dessa confiança excessiva em Deus está à vista: dilúvios, furacões, tornados, maremotos, terramotos, erupções vulcânicas, vírus e outras catástrofes tramadas são coisas que não têm faltado por esse mundo fora; e são cada vez mais devastadoras. É claro que se debatesse isto com uma pessoa religiosa, essa pessoa iria certamente contrapor com aquele aforismo que nunca cheguei a compreender: "Deus escreve direito por linhas tortas". Parece que tem várias interpretações, entre as quais destaco uma que pretende dar a entender que as pessoas que mais sofrem na vida, sobretudo as crentes e boas (não confundir com quentes e boas), é que conseguem realizar-se ou ter um lugarzinho no Céu e por isso, a história de Noé também pode simbolizar a esperança na sua salvação.
Continuando:
A palavra "velha" representaria, então, a velha aliança entre Deus e o Homem que, afinal, o Criador tem vindo a violar sistematicamente.
Fora do contexto, até tem alguma similitude, respeitando as devidas distâncias, com a "velha aliança" celebrada entre os reinos de Portugal e Inglaterra, conhecida como "Tratado Anglo-Português de 1373", no qual os "bifes" impingiram a Dom João I, Filipa de Lencastre que, além de ser muito alta e muito feia, sofria de bicos de papagaio. Em troca, a gente enviava para os gajos vinho do Porto e pura lã virgem.
Outra explicação para a frase "arco-da-velha", esta de origem duvidosa, teria a ver com o facto de as pessoas antigas, muito antes de Benjamin Franklin ter inventado a electricidade (ressalvo que, em Portugal, esse hábito prolongou-se durante séculos após a invenção desta forma de energia), terem o hábito de salgar os presuntos dentro de arcas com sal e, por conseguinte, em vez de "arco-da-velha", seria "arca da velha" (vulgo salgadeira da minha sogra). Ainda assim, isto não é incontestável. Penso, até, que se pode contrariar à vontade porque o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira e ele há coisas, mesmo, do arco-da-velha!
Já, agora, uma nota final ou uma curiosidade em jeito de nota final: O arco-íris também é conhecido como Arca da Aliança que era um tabernáculo onde os judeus guardavam o vinho. Tabernáculo, estão a ver? Está de caras! Não? Eu também não disse que sabia muito de História Sagrada, n'é?
Prometo que nunca mais publico histórias do arco-da-velha, eu seja ceguinho!
No âmbito de um, cada vez mais, necessário debate nacional que se pretende que seja isento de arremessos de partidarite aguda e outras discussões chatas de carácter ideológico, sinto-me no dever moral, e até patriótico, de manifestar perante vós uma opinião que sempre foi a minha e creio que absolutamente válida e apropriada dentro do contexto abetesgado em que nos inserimos por força da condição do momento presente ou conjuntura, conforme vos aprouver.
Haverá, porventura, por hipótese ou até mesmo por acaso, quem afirme convictamente o contrário só porque sim.
Porém, não nos deixemos enganar por manobras de diversão lançadas por agentes a soldo de interesses indizíveis que, contrariando os verdadeiros sentimentos do povo português, apenas pretendem criar a confusão e adiar a consecução de uma política verdadeira e exclusivamente empenhada e, não raro, endividada (passe a redundância), no bem comum que é o que nos interessa, pois, caso contrário, a coisa pode nem dar para o petróleo.
É com isso q'a gente conta, na esperança renovada no dia de amanhã porque o de hoje termina daqui a umas horitas, mais minuto menos minuto.
Afirmemos, pois, bem alto e a pés juntos, sem receio da verdade nua e crua, que jamais nos deixaremos fraudar com quimeras demagógicas que alguns nos acenam e cuja irresponsabilidade nos pode conduzir, por certo, sabe-se lá para onde, mas, certamente para muito longe; quiçá, para os confins da via láctea.
É normal em democracia que assim seja, já que a história nos julgará pelos pecados do passado e o futuro, não obstante incerto, dirá quem tem razão, mesmo que tenhamos de travar-nos de razões.
É assim que penso e não podia calar por mais tempo tal pensamento sob perigo de ficar de mal com a minha consciência que, já de si, pesa c'mo caraças!
Assim, a plenos pulmões, por enquanto limpos do desgraçado vírus, mas sujos de outras merdas, apelo à vossa condescendência, no sentido de minorar a minha aflição, neste momento particularmente difícil para a vida da Nação.
Agradecendo desde já a atenção dispensada, envio-vos as minhas cordiais saudações e os meus melhores cumprimentos daqui deste contérmino ponto territorial, paredes meias com o cu de judas(*).
Américo de Sousa e Silva do Ó
(*)Não confundir "cu de judas" com o Cu de Judas da freguesia de Água Retorta, concelho de Povoação, na Ilha de "São Miguel"
"Os maledicentes e os mentirosos, acabam por não merecer crédito ainda que verberem verdades."
Uma das maiores obsessões que inventámos e de que padecemos nesta estranha sociedade, é a de vivermos num mundo em que a apologia (patológica?) da pulcritude, associada à procura da juventude eterna, dita regras e tendências. Talvez, essas tendências, no momento actual, sejam menos acentuadas, devido a outras inquietudes, surgidas com o aparecimento da "covid-19". Não obstante, não deixam de ter importância à medida que vamos ficando mais velhos; são como um ferrete, sempre em brasa, para nos espicaçar o desassossego.
Alguém muito famoso, cujo nome não me ocorre no momento, terá dito, algures no tempo, que o "grave problema do sexo vem das origens do segundo homem" e prosseguiu: "Isto porque o primeiro nasceu por obra e graça do Criador e, curiosamente ou talvez não, tampouco gratulou numa página de jornal dedicada exclusivamente a orações de agradecimento." E prosseguiu: "Porém, o segundo já foi concebido segundo critérios mais definidos e mais avançados que ainda hoje se mantêm tão actuais que ninguém ousa meter o bedelho, ou outra coisa qualquer na matéria porque é de matéria que efectivamente se trata.
"Após esta pequena introdução, penso, no entanto, que ainda há muitas arestas cheias de rebarba e é urgente, direi até que urge desmistificar o sexo e sem delongas. Isto, a par da indispensável revisão constitucional.
Primeiro acto: No bar, o senhor Paulo Portas, tamborilando delicadamente sobre a mesa, a um empregado: «Um chazinho de tília e um brioche!»
Foram tempos difíceis, claro, a gente tem consciência disso, nomeadamente, os reformados, coitadinhos! Quer dizer: nem todos, evidentemente! Alguns até ficaram com umas reformazinhas douradas, mas não os podemos invejar porque são pessoas que fizeram muitos sacrifícios para terem direito a aposentações bem remuneradas...
Vamos lá ter um bocadinho de esperança porque outros tempos vêm aí; tempos, quiçá, mais difíceis, mas não nos podemos queixar. Afinal, já estamos habituados aos tempos difíceis, n'é verdade?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.