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A MULHER DO PAPA

por João Castro e Brito, em 28.05.20

a mulher do papa.png

Há, relativamente, pouco tempo, não sei precisar, mas não foi há muito, acordei plenamente convicto de que era o Papa. Foi uma impressão muito forte, sei lá, uma espécie de experiência extra-sensorial ou qualquer coisa parecida. Desculpem, mas não percebo nada dessas cenas relacionadas com as ciências ocultas. No entanto, quero deixar bem claro que, apesar de não acreditar em coisas que ultrapassam o meu conhecimento racional, por outro lado...
Por via das dúvidas, até estive, vai-não-vai para frequentar um curso por correspondência de Esoterismo Ocidental e tudo, imaginem! O problema é que fiquei indeciso entre a astrologia e a magia e desisti, pronto, q'é que querem? É esta minha tendência chata para deixar ficar os meus projectos em águas de bacalhau; até chateia! Já pareço o doutor Santana Lopes! Se bem que ele conseguiu, com muito sacrifício, tirar o curso de Direito, vá lá!
Mas, adiante senão disperso-me:
Não é a primeira vez que acordo com a convicção de que sou o Papa e começo a ficar seriamente preocupado com a minha sanidade mental. Não sei se já passaram por uma experiência idêntica ao despertar: parece ser algo do tipo "déjá vù". No caso pessoal, a certeza inequívoca de reencarnar noutra personagem, tendo simultaneamente consciência absoluta do seu carácter duplo e de estar a viver outra realidade. Reitero que não acredito em misticismos, mas ele, há coisas do diabo! Desculpem estar a misturar o sagrado com o profano, mas não encontro termo mais adequado para confessar a minha perturbação.
O que mais me inquieta é o facto de isto, ultimamente, estar a tornar-se um fenómeno recorrente e temer chegar a um ponto em que jamais saberei quem sou.
De modo que decidi contar tudo à minha mulher porque é algo que não consigo esconder durante mais tempo, sob risco de ensandecer...
Já bem acordado, belisquei-lhe delicadamente o rabo e desabafei o sucedido. Contei-lhe o sonho tintim por tintim desde o início ou, pelo menos, aquilo de que me lembro. Ela ironizou com a descrição, perguntando-me em que personagem se encaixava nos meus sonhos. Respondi-lhe que o mais óbvio era ela inserir-se nos papeis de esposa e amante (há esposas que não são amantes e amantes que não são esposas, entenda-se), visto partilharmos os mesmos lençóis.
Visivelmente incomodada com a minha história, na presunção de que eu estivesse a brincar com as suas convicções religiosas, católica militante que é (eu não sou religioso), censurou-me energicamente e sugeriu-me, por todos os santinhos, que mudasse de assunto, senão que a deixasse dormir em paz. «Onde é que já se viram Papas casados?! Só mesmo dentro dessa tua cabeça, homem, valha-te Deus!»...
Não tinha como contra-argumentar. Que outra coisa poderia ser, a não ser mais um sonho? Cá no íntimo, dei razão à minha mulher, pois, desde os tempos dos Bórgia, não houve mais Papas casados; pelo menos oficialmente...
Porém, insisti na hipótese remota de isso acontecer. Expliquei-lhe o mais convincentemente que me foi possível que seria um emprego com vinculo para toda a vida, prestigiante, altamente remunerado e, por acúmulo desses privilégios, teríamos uma bela e ampla casa no Vaticano para residir e outra para férias em Castelgandolfo.
Para além das prerrogativas descritas, fartar-nos-íamos de viajar. Ela sentar-se-ia, sempre, a meu lado no "Papa móvel" durante os "banhos de multidão"; inclusive, se eu fosse um Papa porreiro, certamente não seria esquecido pelas gerações vindouras, et cetera...
Interrompeu-me o discurso, agora furibunda, ameaçou sair da cama e ir dormir no quarto da mãezinha se eu teimasse em manter aquela «toada sem fundamento».
Um pouco magoado com a sua intransigência (valia mais não me ter aberto com ela), virei-lhe as costas e acabei por adormecer novamente a pensar como seria magnífico ser Papa...
O sol da manhã ia alto quando acordei a pensar que era a mulher do Papa e, para me certificar de que aquilo não era um sonho, belisquei delicadamente o rabo do meu marido, o Papa. Desabafei o que acabara de sonhar e desatou a rir, alarvemente, enquanto vestia, estavanado, umas boxers brancas com querubins cor de rosa estampados, enroladas ao fundo da cama e me perguntava, com aquele seu olhar tão caracteristicamente lascivo, onde lhe escondera a mitra...

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ALTA INFIDELIDADE À DISTÂNCIA REGULAMENTAR

por João Castro e Brito, em 11.05.20

alta infidelidade2.jpg

Você já experimentou construir um sistema de alta infidelidade (hi-infi), aí em casa? Aposto que deve estar a pensar em coisas do tipo "este chico-esperto julga que só ele é que percebe de bricolage, querem ver?!". 
Todavia, e longe de mim pretender armar-me em técnico de corrida, caso haja um ou outro que seja perito na matéria, saiba que há tipos que, embora tenham cana, não pescam nada do assunto e é a eles que dedico este artigo. Portanto, está dispensado de ler isto.
Agora, aqui só para nós, amigo: Num sistema destes, com o imprescindível emprego de tecnologia de ponta, tudo começa pelo amplificador estéreo integrado. Não opte por amplificadores histéricos a válvulas porque aquecem muito, são atreitos a ataques de AVC (Acidente Valvular Cerebral) e, por  conseguinte, desintegram-se facilmente. 
Acredite que, actualmente, sem um amplificador com as características de um integrado não é possível dar música!
Antes de mais, pense montá-la (a hi-infi) nas próximas férias de Verão e tente convencer a sua sócia (esqueci-me de referir que este artigo é só para homens de barba rija e, eventualmente, mulheres com pêlos no peito) a ir passar a primeira semana de férias a sós com os putos em Monte Gordo. É aconselhável o isolamento (confinamento social também soa bem no actual contexto sociopandémico*) para que você se concentre integralmente (integralmente e integrado, está a ver a concomitância?) na execução da tarefa que lhe proponho, para garantir a operacionalidade do equipamento e, obviamente, um excelente desempenho. Além de que é um serviço que até vem a propósito porque dispensa muita gente próxima, barulhos, preocupações extra e também a chatice de ter de distribuir solhas a torto e a direito aos fedelhos, pois todos sabemos que os chavalos são uns turbulentos do caraças e deixam um gajo com os nervos em franja. Já agora, ela que leve o Alex e vá dar banho ao cão, não vá o bicho andar armado em cão com pulgas.
Está preparado? Então, 'bora lá!
Pegue numa máscara de protecção e vá comprar uma caixa de fósforos de cozinha "Quinas" (passe a publicidade), uma lupa, um compasso, tinta, pincéis e um disco de vinil de 78 rpm (vulgo "Long Play" ou LP) de rock alemão dos anos 60 e 70 do século passado, estilo Krautrock**.
Quando regressar a casa, deite a máscara para o lixo, lave bem as mãos, e pinte com primor (não confundir com manteiga Primor, senão fica uma cena lúbrica e não é esse o objectivo) e minúcia a caixa de fósforos. A cor é ao seu gosto, mas para que tenha um aspecto realista, sugiro que a pinte de "black" ou "silver" (eh pá, "sorry" lá, mas os inglesismos, neste contexto, até que não são desadequados).
Num dos lados da caixa pinte pontinhos, vermelhos ou azuis, a fingir que são luzinhas. Pinte também tracinhos, botõezinhos e outras coisinhas (desculpe os diminutivos, mas estou a referir uma caixinha que cabe na palma de uma mão). Em cima pinte uma grelha (não confundir com a gralha da sua sogra) a imitar a área do dissipador de calor.
Entretanto, faça um pequeno intervalo (coffee break em inglês, segundo o tradutor Google que eu de inglês pesco zero) e aproveite para telefonar à sua mulher, só para saber se está tudo bem; é de bom tom e ela vai pensar que você, apesar da ausência, está sempre com  ela e a canalha no pensamento.
Saia novamente (não se esqueça de colocar outra máscara de protecção), compre dois caixotes de papelão de 90x30x20 centímetros e um rolo de papel adesivo a imitar madeira. A cor, mais uma vez, é à sua escolha, mas aconselho um tom cárneo que é mais sensual e – acredite – consensual. Regresse a casa, deite a máscara de protecção para o lixo, lave novamente as mãos com muito cuidado e prossiga o trabalho conforme os passos seguintes:
Forre os caixotes com a película autocolante, trace, com um compasso, três círculos de diâmetros distintos em cada um, correspondentes a três vias ( altifalantes agudos, médios e graves por ordem descendente) e pinte-os de forma convincente. Em seguida ponha a caixa de fósforos entre os caixotes, afastando-os previamente cerca de três metros e dezassete centímetros, pouco mais ou menos.
Saia outra vez, não sem colocar outra máscara de protecção, e compre um gira-discos. Não vou repetir as recomendações de segurança porque acho que você já as memorizou, certo?
Pronto, então, depois de ter dado os passos necessários, seguindo as instruções à letra, continue, colocando o gira-discos ao lado da caixa de fósforos e ligue tudo entre si, tendo o cuidado de respeitar a polaridade das ligações (vermelho com vermelho e preto com preto). Lembre-se, também, que é preciso respeitar as impedâncias dos aparelhos ou seja: verifique a impedância dos caixotes em relação à impedância da caixa de fósforos. A dos caixotes tem de ser sempre igual ou superior à da caixa de fósforos e não me pergunte porquê porque seria difícil e moroso explicar-lhe a coisa sob o ponto de vista de um especialista na matéria; aliás não é esse o propósito deste artigo; tenha, isso sim, estes critérios em mente, sob risco da coisa explodir nas suas mãos.
Depois de tudo prontinho, ligue para aquela giraça da repartição que, para além de giraça, é boa c'mo milho. Sim, aquela em que você está a pensar, seu bargante do camandro! Ou você acha q'a malta lá do escritório não topa, de ginjeira, a vossa troca de olhares cúmplices? Vá lá, não se faça de sonso e convide-a para ir aí a casa escutar o LP de rock alemão que você anda há uma porrada de tempo para comprar. Aliás, ela deve estar mortinha para escutar seja o que for. Nem que seja Quim Barreiros!
Quando a mandar entrar, é natural que ela o vá encontrar em pêlo, só com uma bata cirúrgica estéril a cobri-lo, máscara, gel desinfectante e lupa nas mãos, mas isso é pormenor e estou convencido de que a moça nem vai achar estranho. Pelo contrário, vai pensar que o conceito é inovador e muito excitante. Vá por mim porque tenho alguma experiência destas coisas da electrónica, apesar de empírica.
Ponha o disco no prato do gira-discos e olhe para a caixa de fósforos com a lupa. Como, nessa fase, já estão deitadinhos no chão, à distância regulamentar, tenha o cuidado de desligar a luz do candeeiro com o dedo grande do pé direito (se for canhoto use o do pé esquerdo) e, sempre com o recurso indispensável da lupa, aumente o volume até ao máximo, só para testar o som.
O sistema nunca falha, revela-se de fácil manuseio e é, garantidamente, de dupla e alta infidelidade.
E olhe que nem de propósito! Não sei se já deu conta, mas, desde há umas semanas, os dias são mais compridos e as noites mais curtas!
(*) Consultar o novo dicionário monolingue do Professor Tolentino Porrinha
(**) Krautrock (Kosmische MusikKraut, ou ainda Krautwave) é um nome genérico atribuído às bandas experimentais alemãs, no final da década de 1960 e princípio da de 1970. Originalmente, era um termo utilizado de forma pejorativa pela imprensa musical britânica; e acredita-se que tenha sido criado pela mesma a partir da expressão popular Kraut, que significa "uma pessoa alemã", por sua vez derivada do prato tradicional alemão chucrute,  sauerkraut (literalmente, "repolho azedo").
Todavia, muito por causa do sucesso dessas bandas, o termo ganhou mais tarde um significado melhorativo, sendo atualmente visto como um título de reconhecimento ao invés de insultante.

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SEXO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

por João Castro e Brito, em 09.05.20

sexo na antiguidade clássica1.jpg

. Os gregos foram realmente uns licenciosos como os historiadores os pintam?
. É plausível pensar-se que os romanos praticavam relações eurogenitais muito antes da criação da Zona Euro?
. E as conjecturas que se têm feito acerca dos hábitos necrófilos dos egípcios têm, efectivamente, algum fundamento?
. É risível aceitar a ideia estapafúrdica de que os hunos cuspiam para o ar quando copulavam?
Regressado a um tema que me apraz sobremaneira, escolhi estas quatro incertezas históricas ligadas a civilizações da antiguidade clássica que julgo representativas de sociedades que foram influentes em vários patamares da evolução humana e que me pareceram pertinentes. Isto, sem embargo do estilo fabulístico da narrativa.
Julgo que estas culturas ajudaram a moldar os nossos costumes, particularmente, numa área que ainda consideramos restrita ou tabu.
Quanto às consultas que efectuei, é facto que pecaram por escassas, mas tenho a meu favor um álibi: é o medo patológico de frequentar bibliotecas por causa do cheiro intenso a lignina. Associado a esse medo, vem a minha preguiça em folhear livros, com a agravante de padecer de uma rinossinusite crónica. Já para não dizer do sacrifício que é botar cuspo nas pontas dos dedos. Isto, apesar da extensa bibliografia que podia percorrer, não fosse a indolência mental inata, aliada ao enorme esforço intelectual que teria de fazer. Assim, escolhi a Internet porque vem tudo condensado e, por conseguinte, é menos cansativo.
Por outro lado, também podia pesquisar em revistas da especialidade. Todavia, seria indigno se o fizesse porque, por exemplo, a Penthouse estava a milénios de existir em Atenas; a Playboy ainda não era vendida no Cairo; a Lui só apareceu nos quiosques de Roma depois de Cristo e os hunos, esses intratáveis broncos, supõe-se que liam revistas pornográficas dinamarquesas para conseguirem ter erecções. Isto porque as suas mulheres eram, supostamente, muito feias e gordas.
No entanto, pelo que me foi dado a ler, a conclusão a que cheguei, após análise exaustiva às práticas sexuais destas quatro civilizações, é que não diferiram substancialmente umas das outras e uma coisa é certa: os antigos já eram danados para a brincadeira.
Os romanos foram mais longe e internacionalizaram-na, com a introdução dos efémeros jogos sem fronteiras em que valia tudo menos tirar olhos.
Muito mais tarde, os gregos seguiram-lhes as pisadas e introduziram uma variante desses jogos: as Olimpíadas do Sexo que duraram um ano bissexto.
Numa dada passagem, na Wikipédia, li algo que me despertou a curiosidade: Júlio César, como romano que era, também tinha gostos fora do vulgar: por exemplo, adorava comer baguinhos de uvas moscatel de Setúbal enquanto uma escrava lhe afagava a virilha direita. Todavia, fica-se sem saber se JC apreciava mais os baguinhos de uvas moscatel de Setúbal ou os afagos na virilha direita, mas isso também é irrelevante para a história; foi somente um aparte, peço desculpa.
E que dizer do nariz de Cleópatra? É consabido que Marco António tinha uma atracção compulsiva por aquela bela protuberância carregada de sensualidade, mas pouco mais se sabe sobre esse seu encantamento fetichista.
Já um huno feio e peludo, completamente nu, devia ser uma visão desagradável, não? E uma múmia egípcia (não confundir com a famigerada "múmia paralítica" portuguesa) com cuequinhas de renda? Valha-nos Deus!..
Mas tentemos botar um pouco de ordem neste texto eivado de reticências e referências dúbias ao comportamento sexual dos nossos ascendentes remotos e prossigamos, senão divago como é meu hábito.
No que diz respeito às relações amorosas desta gente, pelo pouco que pesquisei, julgo que os gregos eram, efectivamente, muito liberais. Basta mencionar Afrodite sem esquecer, inevitavelmente, Eros, Anteros, Himeros e Pothos, os seus quatro filhos alados, uns Erotes que não negavam a sua proveniência divina.
E, é claro, Apolo que, para além de belo, também tocava lira para deleite dos cavalos de Eumelo (consta que Eumelo tinha ciúmes dos cavalos, mas nunca foi devidamente documentado).
A propósito de Apolo, é certo que Homero nutria um fascínio por ele, de tal modo alucinante, que o citou apaixonadamente na Ilíada.
Finalmente, Paralellepípedon. Não tenho palavras para o descrever, tão rica e vasta é a sua obra a propósito da arte do sexo. De tal modo que Catherine Millet se baseou nela para escrever o seu polémico romance, hipoteticamente, auto-biográfico, "A Vida Sexual de Catherine M.".
Contudo, os costumes sexuais variavam muito de cidade para cidade. Os espartanos, por exemplo, não queriam misturas, pois odiavam a concupiscência, a luxúria e eram atreitos a tibiezas; uns cinzentões do caraças! Por via disso, os rapazes eram enviados para escolas especiais, chamadas Androceus e as raparigas para os Gineceus. Pensa-se que Salazar teria copiado a ideia, muito mais tarde, criando escolas masculinas e femininas (outro aparte, peço desculpa).
Segundo alguns estudiosos das ciências comportamentais, estas medidas favoreceram a emergência da homossexualidade. Contudo, não fizeram com que a Grécia desaparecesse como civilização. Aliás, há teorias que explicam que esta separação dos géneros até foi benéfica, mas não me perguntem porquê e para quem!
Consta que um espartano, ginecófobo obsessivo, cujo nome foi apagado da história (terá existido?), decidiu formar-se em medicina como forma de contrariar tal fobia. Para tal, leu o "Corpus hippocraticum" do Hipócrates (obviamente) e os estudos do Alfred Kinsey (não tão óbvio).
Sagaz, o rapaz, embora muito reservado, especializou-se em fisiologia e patologia dos órgãos sexuais femininos, para o que teve que percorrer vários Gineceus de Esparta, onde examinou com minúcia, como convinha, todas as raparigas. À luz do conhecimento actual, pensa-se que foi deste modo que nasceu a Ginecologia. Não se sabe, ao certo, se o espartano ficou curado desse temor mórbido ao sexo feminino...
Em Atenas, as coisas eram mais tipo tudo ao molho e fé nos deuses do Olimpo. Gente de ambos os sexos, da mais nova até à mais velha, juntava-se à noitinha, junto à Acrópole, e dedicava-se a uma senda de promiscuidade sexual que faria corar Afrodite, se Ela, com efeito, não tivesse passado de uma fábula. As colunas da Acrópole estavam pejadas de grafítis obscenos e no chão podia-se tropeçar nos mais variados objectos, utilizados na estimulação sexual, e até escorregar nos fluidos corporais! Isto, contado, ninguém acredita...
É claro que a autarquia ateniense encarregava-se de limpar tudo pela manhãzinha para estar tudo limpinho e pronto para o recomeço, na soirée seguinte. Era uma perversão total da moral e dos bons costumes, nunca vista nem imaginada. Um século mais tarde, os gregos viram-se gregos para erradicarem estes costumes impudicos da sociedade. Até tiveram de pedir ajuda aos troianos, mandando vir um cavalo e tudo, imagine-se!...
Em relação aos egípcios, não pesquei grande coisa a não ser que tinham procedimentos assaz estranhos: andavam sempre de lado e a sua caligrafia era difícil de entender. Além disso era uma escrita papirosa c'mo catano! Demais a mais, construíram pirâmides com o bico para cima (?!) e não se livraram da fama de terem sido necrófilos, embora, como referi, só subsistam indícios.
Contudo, o culto pelos mortos, deste povo singular, alimenta-nos a suspeita de que só conseguiam obter prazer sexual à custa da profanação de cadáveres, preferencialmente múmias...
Os romanos, a par dos gregos, eram muito sofisticados. Diga-se de passagem que foram eles os verdadeiros precursores das orgias e dos bacanais, onde se comia, bebia e fazia-se sexo a torto e a direito, enquanto as legiões oprimiam os povos, como certamente, não constitui novidade. Afora isso, os romanos também não jogavam com o baralho todo. Exemplo dessa falta de cartas, era o facto de obterem prazer sexual à custa dos pobres cristãos que sacrificavam às feras ou dos gladiadores que se decepavam mutuamente nas arenas enquanto a populaça ululava de prazer. Um espectáculo triste e bárbaro que ainda hoje se repercute nas arenas de Portugal. A reacção é a mesma: é ver a "afición" a exprimir esgares de prazer sexual, quiçá orgasmos, enquanto assiste ao martírio de um animal acossado e a sangrar abundantemente.
Mas, continuemos senão disperso-me novamente e não é meu fito, por hoje, escrever sobre um dos mais vergonhosos crimes perpetrados contra animais; com a agravante de fazerem parte da "tradição cultural" de um país...
Os romanos tinham taras porque não havia mais nada para fazer em Roma a não ser cultivar a mandriice e o deboche; o trabalho era para os escravos.
Para não amolecerem com excesso de lazer, inventaram as guerras, indo travá-las para além das suas fronteiras. Aí, vinham ao de cima formas imaginosas e bizarras de não adormecerem durante os confrontos. Faço aqui uma referência, bem a propósito, às Guerras Púnicas, que foram três e julgo que duraram cem anos, pouco mais ou menos. Eram umas guerras muito recreativas, em que romanos e cartagineses rasgavam as suas túnicas e ali, no campo de batalha, praticavam sexo puro e duro para gáudio e volúpia dos generais romanos. Destaco um legado chamado Gaudêncio Jacinto Prazeres das Dores que mandava punir (daí o carácter punitivo das Guerras Púnicas) imediatamente, por castração, o legionário que não consumasse o acto durante a "peleja". Ora, como é consabido, isso levou à queda do Império Romano porque, ao fim dos tais cem anos, o paradigma "em Roma sê romano" deu lugar a outro: "Todos os eunucos vão dar a Roma".
Finalmente, os hunos. Que dizer dos hábitos sexuais desses bárbaros eurasiáticos, semi-analfabetos, capitaneados por Átila? Mais a mais, um brutamontes que, curiosamente, só sabia contar até dez e com grande dificuldade.
Uma coisa parece ser certa: as hunas eram férteis à brava! Tão férteis que – diziam as línguas viperinas das sogras – eram capazes de engravidar só pelo cheiro ou seja: o huno aproximava-se da huna, cheirava-a e, caso não lhe cheirasse a chamusco, era tiro e queda.
Todavia, como referi, eram, presumivelmente, feias e gordas e isso exigia, para além de um excelente olfacto, uma grande dose de imaginação e muito estímulo por parte delas porque os gajos não tinham maneiras nenhumas. E era, em parte, por via desses estímulos, não se sabendo de que tipo, que ficavam prenhes e pariam às ninhadas.
Só assim foi possível criarem as famosas hordas de que se serviam para invadirem outros territórios.
É claro que ficamos sem saber se, com efeito, os romanos praticavam relações eurogenitais muito antes da criação da Zona Euro ou se os hunos cuspiam para o ar durante o sexo, mas julgo que são pormenores de somenos importância. Contudo, posso voltar ao tema, lá mais para a frente, a pedido e sob consulta.
Com isto, espero ter contribuído, mais uma vez, e reitero, sem fins lucrativos, para um maior conhecimento dos hábitos e costumes dos nossos ancestrais.

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