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O CASO DO PAI NATAL, SUSPEITO DE SER PARVINHO

por João Castro e Brito, em 20.11.18

pai natal1.jpg

Foi detida, a semana passada, às ordens da Procuradoria do Tribunal da Comarca, uma pessoa do sexo masculino com aspecto de Pai Natal. O homem é suspeito de valer-se do período natalício para se fazer passar por parvinho.
Após investigação policial sumária, veio-se (veio-se, aqui, soa mal, peço desculpa) a apurar, nas últimas horas, que afinal pode ser parvinho, embora persistam dúvidas.
O indivíduo, de nome Anacleto, cujo apelido é Silva, tem andado pelo centro de Lisboa, trajando um fato bizarro de cor vermelha, algo desbotada, e barba grande com aspecto imundo.
O sujeito anda a clamar, para quem o quiser ouvir, que já morou num "palácio cor de rosa, paredes-meias com o Museu dos Coxos".
Ora, tal alarido vem dar consistência à convicção generalizada, no meio das autoridades, de que a criatura é, efectivamente, parvinha. Isto porque não há conhecimento da existência de tal museu. O mais aproximado é a Rua da Coxa em Bragança e, que se saiba, não existe nenhum palácio cor de rosa nessa rua.
Segundo testemunhas oculares (testemunhas com óculos, evidentemente), carregava um saco de lona às costas, com o logótipo do BPN já muito gasto.
Depois de aberto, o saco, revelou quinquilharia alusiva ao Natal como, granadas anti-tanque, caixas de munições de canhão de recuo de longo alcance, uma bazuca Lego (graças a Deus) e dois tanques Panzer do "Wehrmacht" (arre-macho, segundo o tradutor Google que eu, de Alemão, pesco zero) em muito mau estado de conservação (vá lá).
Estes brinquedos perigosos, excepto as balas de canhão de recuo de longo alcance que são de pólvora seca, foram imediatamente assinalados e o indivíduo prontamente imobilizado por populares assim que o cheiro a pólvora assumiu proporções alarmantes para a saúde pública.
A seguir a uma longa espera desesperante, deslocou-se imediatamente ao local – passe o paradoxo – um piquete da Brigada de Minas e Armadilhas da PSP que colheu amostras de ADN das balas de canhão de recuo de longo alcance, permanecendo algumas dúvidas em relação à perigosidade dos artigos remanescentes, inclusive do Pai Natal.
Interrogado sobre a origem, destino e uso dos brinquedos apreendidos, Anacleto foi lacónico na resposta: «Só sei que sou parvinho; e olhe que raramente me engano e nunca tenho dúvidas!»
Dado que o desenvolvimento do caso estava a tomar contornos nebulosos, foi chamado um psicólogo forense, chamado Acácio de Mente que, após cumprimentar formalmente o Pai Natal, foi sumário: «O homem não sabe nada, é completamente parvinho!» – dedução que era mais que previsível. No entanto, carecia de inquirição mais apurada dos factos que é sempre um factor importante em qualquer investigação criminal.
Passada a noite no calabouço, foi presente a um juiz que o mandou para a rua, ficando a aguardar julgamento em liberdade.
Anacleto Silva pode, por conseguinte e por consequência (passe a redundância, mas é só para encher isto), incorrer num crime de perjúrio se se confirmarem as últimas alegações de que, com efeito retroactivo, se fazia passar por parvinho, sendo, afinal, o Pai Natal.
As últimas palavras do doutor juiz foram: «Já agora, não tens para aí uma metralhadora HK para o meu netinho, ó Pai Natal?»

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MENSAGENS SENTIMENTAIS

por João Castro e Brito, em 06.11.18

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